O avanço do neoliberalismo sobre os Estados e suas empresas públicas, como a Petrobrás, evidencia como o capital age para explorar a classe trabalhadora e maximizar os lucros para uma pequena parcela de acionistas. A lógica neoliberal, que coloca o indivíduo como único responsável por seu sucesso ou fracasso, desconsidera as condições estruturais que moldam a vida dos trabalhadores. Para os neoliberais, o Estado só deveria existir para garantir a segurança dos seus negócios, eliminando qualquer barreira à exploração econômica, incluindo direitos e proteções sociais.
Nesse cenário, a Petrobrás, sendo uma empresa estatal estratégica, representa um obstáculo para o projeto neoliberal. Em vez de ser privatizada diretamente, a política neoliberal avança por meio de normativas que permitem a venda de ações da empresa na bolsa de valores, tornando possível que acionistas privados, embora minoritários, ocupem cadeiras no Conselho de Administração e influenciem as decisões da estatal. Essas influências se traduzem, em grande parte, em decisões que favorecem o pagamento de altos dividendos para os acionistas, enquanto as questões trabalhistas são marginalizadas.
A lógica é simples: os trabalhadores são vistos como um custo a ser minimizado, enquanto o lucro deve ser maximizado e redistribuído entre os acionistas. Essa dinâmica, amplamente sustentada pelas normas brasileiras e pelas técnicas de gestão empresarial, acaba impondo uma política de exploração. O Poder Judiciário, muitas vezes, atua como garantidor desse sistema. Prova disso é a legislação que impede greves contra privatizações ou a Lei de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que limita a parcela de lucro a ser distribuída entre os trabalhadores.
As manchetes que celebram os lucros exorbitantes da Petrobrás, seguidas pelo anúncio da distribuição massiva de dividendos, são o retrato fiel da atuação neoliberal. Ao mesmo tempo, o Judiciário, que impede o pagamento de direitos trabalhistas, como no caso do STF que derrotou a classe petroleira no processo da RMNR, sob a justificativa de inviabilizar a empresa, reforça esse mesmo sistema que já beneficia os acionistas. Uma grande derrota para a categoria. A injustiça torna-se clara: os trabalhadores, que geram a riqueza da empresa, são excluídos dos frutos de seu trabalho, enquanto uma pequena elite financeira colhe os resultados.
Essa cristalização do neoliberalismo, que subordina o Estado ao capital e subjuga a classe trabalhadora, não se restringe à Petrobrás. Ela se repete em várias esferas, sempre privilegiando o lucro sobre o bem-estar social. O projeto neoliberal usa o Estado para implementar políticas que exploram os trabalhadores e concentram renda, ao mesmo tempo em que limita a capacidade de resistência da classe trabalhadora, seja por meio de normas ou decisões judiciais.
A única saída viável é a luta. A classe trabalhadora precisa ocupar os espaços de poder e mobilizar-se contra a privatização, por melhores condições de trabalho e pelo aumento de seus direitos. A luta contra o avanço neoliberal não é apenas uma questão econômica, mas uma batalha pela preservação da dignidade, da justiça e do futuro. Não há outro caminho possível.