Violência
O comando da Polícia Militar na Baixada Santista e Vale do Ribeira, representado pelo coronel Rogério Nery Machado, reconheceu as agressões cometidas por policiais militares contra o petroleiro Ueslei Abreu das Neves, de 34 anos. O trabalhador, um homem negro, denunciou ter sido agredido enquanto passeava com seus gatos de estimação no Gonzaga, em Santos (saiba mais aqui).
Ao comentar o caso em entrevista ao Jornal A Tribuna, o comandante relatou que imagens captadas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), para onde Ueslei foi levado, mostram um dos policiais agredindo-o novamente, “mesmo sem qualquer evidência de reação física por parte dele”. Diante da gravidade e repercussão do caso, ambos os policiais envolvidos foram afastados das atividades operacionais e do atendimento ao público enquanto as investigações continuam.
Desde o início, o Sindipetro-LP prestou total assistência ao petroleiro, reforçando seu compromisso com a defesa dos trabalhadores e trabalhadoras. Em paralelo, a entidade realizou uma reunião com a gerência geral da Petrobrás na Baixada Santista, exigindo que a empresa oferecesse todo o apoio necessário ao trabalhador. O Sindicato também cobrou um posicionamento público da Petrobrás diante da gravidade do episódio, ressaltando que a empresa, como símbolo nacional, deve se manifestar contra a violência policial que atinge principalmente a população negra.
O caso de Ueslei é mais um entre tantos que têm ocorrido na região e no país, evidenciando um padrão de conduta da Polícia Militar que, muitas vezes, age de forma violenta e discriminatória. No relato, o petroleiro afirmou ter sido empurrado, socado e arrastado para uma viatura sem qualquer justificativa plausível. Diante dos fatos relatados pelo petroleiro, a abordagem da PM teve cunho racista, como tantos outros similares relatados.
Ueslei relatou que, ao questionar os policiais sobre o motivo da abordagem, foi agredido com um tapa e, em seguida, brutalmente espancado. Ele disse ainda que foi algemado, colocado no porta-malas da viatura e impedido de se identificar, sendo tratado de forma humilhante. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o alarme da farmácia havia disparado e que precisaram conter Ueslei por suspeita de fuga e ofensas proferidas contra eles. Contudo, as imagens da UPA desmentem essa versão, mostrando uma ação desproporcional e violenta por parte da PM.
Histórico de Violência Policial
A escalada da violência de agentes da Segurança Pública paulista, notadamente da Polícia Militar, é assustadora. Nos últimos 20 dias, três casos chocaram a sociedade: o arremesso de um jovem trabalhador de uma ponte e o assassinato de outro jovem com 11 tiros nas costas, ambos em São Paulo; e a agressão a uma senhora com empurrões e golpe de cassetete no rosto, dentro de sua própria casa, em Barueri, enquanto ela tentava defender o filho e o neto em uma abordagem policial devido a uma moto com documentos vencidos.
A força policial estatal, em uma sociedade hierarquizada pelo poder do dinheiro, muitas vezes direciona sua violência contra aqueles que aparentam não ter valor dentro dessa estrutura. Isso reflete um preconceito estrutural, onde determinados perfis podem ser agredidos ou até mortos sem que isso gere a devida indignação ou consequências, reforçando a desigualdade e a impunidade.
A violência policial no Estado de São Paulo tem ganhado projeção internacional. Deputados federais e estaduais protocolaram, no último dia 6 de dezembro, um pedido de impeachment do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, em meio à explosão de casos de violência policial com grande repercussão midiática.
O documento, assinado por 26 parlamentares de cinco partidos (PSOL, PT, PSB, Rede e PCdoB), aponta um aumento de 46% na letalidade policial entre 2023 e 2024, falhas na implementação de câmeras corporais, ausência de investigação sobre abusos e incentivos ao uso excessivo de força.
Compromisso com Justiça e Segurança
Casos como o de Ueslei e tantos outros reforçam a urgência de medidas efetivas contra a violência policial e o racismo estrutural que permeiam a atuação de agentes de segurança.
O Sindipetro-LP segue firme em sua posição de acompanhar as investigações, garantindo que o petroleiro tenha acesso à justiça e que os responsáveis sejam devidamente punidos.
Com informações do Jornal Atribuna, G1 Santos e ABCP
