Ato no Edisa destaca teletrabalho e cobra coerência da empresa entre discurso e prática sobre saúde

Negocia, Petrobrás!


Nesta quarta-feira (9), petroleiros e petroleiras do Edisa Valongo, em Santos, participaram de mais um diálogo com o Sindicato. A mobilização discutiu os desdobramentos da reunião com a Petrobrás realizada em 2 de abril e incluiu um ato em alusão ao Dia Mundial da Saúde, celebrado no último dia 7. Paralelamente, a empresa realizou uma live sobre o tema. Contudo, diante das contradições evidentes na postura da gestão, os trabalhadores organizaram um "hashtegaço" durante a transmissão, em articulação com o Sindipetro-RJ, para expor a distância entre o discurso de cuidado com a saúde e as práticas que comprometem o bem-estar da categoria.

Nesse contexto, surge a pergunta: que cuidado com a saúde esta gestão realmente oferece aos seus empregados? Enquanto promove discursos e ações pontuais, como a live alusiva ao Dia Mundial da Saúde, as práticas adotadas pela gestão revelam uma postura contraditória. Medidas como o aumento do trabalho presencial para o administrativo, a drástica redução de 30% na PLR, após valores terem sido negociados em dezembro passado, a obrigatoriedade do regime presencial integral para novos petroleiros, a manutenção do efetivo reduzido no Operacional, a imposição da escala 6x1 para terceirizados, os baixos salários e o constante assédio são exemplos de ações que comprometem diretamente a qualidade de vida da categoria. Além disso, a empresa impõe aos aposentados a cobrança de uma dívida astronômica na Petros, agravada pela própria gestão ao não quitar sua dívida bilionária com o Fundo.

A situação de efetivo reduzido é particularmente preocupante na UTGCA, onde essa prática viola o item 20.9.3 da NR-20, que determina que "na operação com inflamáveis e líquidos combustíveis, o empregador deve dimensionar o efetivo suficiente para realizar as tarefas operacionais com segurança." Essa redução tem gerado desvios de função e condições inseguras, especialmente durante ausências de técnicos por motivos como férias, licenças ou treinamentos.

Além disso, a precariedade das condições de trabalho é refletida em números alarmantes de acidentes. No Brasil, entre 2012 e 2022, mais de 25 mil trabalhadores perderam a vida em decorrência de acidentes de trabalho, segundo dados da Previdência Social. No Sistema Petrobrás, os casos são igualmente graves: entre outubro e novembro de 2024, seis trabalhadores morreram em atividades relacionadas à empresa, conforme denúncias feitas por sindicatos e publicadas pela AEPET. Esses números reforçam a urgência de mudanças para garantir segurança e proteção à vida dos trabalhadores.

Durante o ato, a diretoria destacou a reunião realizada no dia 2 de abril, no Rio de Janeiro, onde a Petrobrás anunciou o adiamento da assinatura do acordo sobre teletrabalho para 30 de maio. Apesar de ser uma concessão parcial, a medida não contempla plenamente as demandas dos trabalhadores, considerando que alterações no regime de trabalho deveriam ser fruto de acordos mútuos, algo que não tem ocorrido.

A mobilização dos trabalhadores tem sido crucial para garantir a prorrogação do regime atual e inserir o teletrabalho como um tema específico no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). Contudo, a luta continua para assegurar a regulamentação definitiva do modelo híbrido, com três dias remotos e dois presenciais, preservando a qualidade de vida e a organização pessoal dos petroleiros e petroleiras.

Para o sindicato, além da regulamentação do teletrabalho, é essencial abordar outras questões pendentes, como a situação dos trabalhadores administrativos das áreas operacionais. Apesar de a natureza das atividades desses profissionais permitir, eventualmente, o usufruto do benefício, muitos ainda não têm acesso garantido ao regime remoto. Essa condição deve ser tratada juntamente com as demais demandas sobre teletrabalho no ACT, garantindo igualdade de condições para todos.

Com o adiamento temporário da mudança no regime de teletrabalho para 30 de maio, é imperativo intensificar as mobilizações. O fortalecimento das bases é essencial para que os sindicatos exijam que a Petrobrás respeite os acordos já pactuados com a categoria. A mobilização nacional deve seguir firme, denunciando práticas abusivas e decisões arbitrárias que têm caracterizado a gestão de Magda Chambriard.

Caso a empresa mantenha sua postura de descaso e desrespeito às demandas da categoria, os trabalhadores estão dispostos a adotar medidas mais drásticas, incluindo a possibilidade de greve. Essa luta vai além da regulamentação do teletrabalho: busca o respeito às negociações sindicais, melhorias nas condições de trabalho e, principalmente, o compromisso com a saúde, segurança e dignidade de todos os petroleiros e petroleiras.