RPBC e UTE Euzébio Rocha
Nesta segunda-feira (16), trabalhadores e trabalhadoras da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) e da UTE Euzébio Rocha, em Cubatão, realizaram um protesto com atraso no expediente para denunciar os recorrentes atrasos salariais enfrentados por cerca de 250 petroleiros contratados vinculados à empresa LCD, recentemente adquirida pelo grupo NXN. A mobilização, que vem ocorrendo desde a última semana, organizada pelo Sindipetro-LP em conjunto com o Sindicato da Construção Civil, também teve como pauta central a exigência de isonomia alimentar para todos, próprios e contratados, com a implementação do vale-alimentação para os petroleiros da RPBC — uma demanda aprovada em assembleia da categoria.
O ato marcou o início de uma jornada de lutas por direitos iguais e dignidade para quem move a produção da Petrobrás no Litoral Paulista. Nesta semana, a diretoria do Sindipetro-LP estará no Rio de Janeiro para tratar diretamente com a gestão da Petrobrás sobre esse tema e outros que impactam o dia a dia da categoria.
Acesso à alimentação é direito, não privilégio
O protesto também escancarou os absurdos que há anos ocorrem na RPBC e na UTE Euzébio Rocha: trabalhadores e trabalhadoras sem acesso ao restaurante; situações de “porta lógica”, onde é imposto escolher entre alimentação ou vale; e empresas com o mesmo CNPJ pagando valores distintos de VA para funções semelhantes. Essas distorções são inaceitáveis. Estar alimentado em uma área industrial é uma questão de segurança e saúde, além de um direito social consolidado em várias categorias.
Contratação precária e omissão da Petrobrás
A manifestação evidenciou, mais uma vez, a falência da política de contratação da Petrobrás, que prioriza empresas que oferecem os menores preços, sem avaliar a capacidade real de cumprir obrigações trabalhistas. Essa lógica perversa transfere o risco para os trabalhadores, que ficam “a ver navios” quando os salários atrasam ou os benefícios são negados.
O Sindipetro-LP e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) vêm denunciando essa situação e cobrando mudanças estruturais nos contratos da Petrobrás, como:
- Depósito antecipado da folha salarial pelas contratadas;
- Criação de um fundo garantidor para proteger os direitos dos trabalhadores;
- Inclusão de caução salarial nos contratos;
- Fiscalização rigorosa das cláusulas de isonomia e benefícios.
Apesar de avanços obtidos com o atual governo, como a retomada do plano de saúde aos dependentes dos contratados e o retorno do transporte, questões fundamentais como alimentação e garantias salariais seguem negligenciadas.
A luta é coletiva e vai continuar
A categoria está mobilizada e disposta a intensificar a luta por respeito, dignidade e justiça. A Petrobrás tem recursos suficientes para resolver essas questões, mas segue omissa. O modelo que prioriza o lucro em detrimento da vida e do bem-estar dos trabalhadores precisa acabar. A luta por isonomia alimentar e pela valorização de todos que constroem a Petrobrás continua — nas bases, nas ruas e onde mais for necessário. Se não houver resposta, a greve está no horizonte.