Absurdo
Os trabalhadores da empresa LCD continuam sem receber salários e vale-alimentação, mesmo após a Petrobrás ter efetuado a liberação de medição para a contratada. A situação, que se arrasta há semanas e gera grande apreensão entre as famílias dos empregados, culminou em um protesto pacífico na manhã desta quinta-feira (10), em frente à entrada da RPBC, no NCAD. De lá, os trabalhadores seguiram em caminhada pelas ruas da cidade até o Sintracomos, onde foi realizada uma assembleia para discutir os próximos passos e fortalecer a união da categoria.
A mobilização reflete a indignação diante da falta de credibilidade da LCD, que segue sem honrar seus compromissos financeiros, e da decisão equivocada da Petrobrás ao liberar valores para a contratada, sem a garantia de repasse aos trabalhadores.
O Sindipetro Litoral Paulista e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) vêm acompanhando de perto o caso e se posicionaram veementemente contra a medida adotada pela estatal. Na última segunda-feira (7), ao tomarem conhecimento da liberação das faturas, os sindicatos dos petroleiros e da construção civil manifestaram total repúdio à decisão. O posicionamento tem respaldo em uma importante conquista dos trabalhadores: a atualização da minuta contratual que permite à Petrobrás efetuar pagamentos diretos aos empregados, em caso de inadimplência por parte da empresa contratada.
Essa cláusula, resultado de intensa pressão e mobilização sindical, já havia sido utilizada com sucesso em junho, quando a estatal realizou o pagamento direto aos trabalhadores da LCD diante do descumprimento contratual. No entanto, a empresa,até o quinto dia útil de julho, mais uma vez não efetuou o pagamento dos salários nem do vale-alimentação.
Em reunião com a Petrobrás, a LCD argumentou que um adiantamento de faturas permitiria regularizar os pagamentos, convencendo a gestão da estatal a liberar os valores. A decisão, no entanto, mostrou-se um grande erro até aqui, já que a empresa não apresentou nenhuma garantia de que os recursos serão usados para quitar as dívidas com os empregados e empregadas.
A FNP e o Sindipetro-LP defendem que a Petrobrás deveria ter repetido a ação do mês anterior, garantindo o pagamento direto aos trabalhadores antes de repassar qualquer valor à LCD. Apenas após assegurar os salários, a estatal poderia, se desejasse, liberar recursos à empresa para quitação com fornecedores. Entretanto, ao agir de forma diferente, a Petrobrás permitiu que os trabalhadores continuassem desassistidos, enfrentando dificuldades para arcar com compromissos básicos como alimentação e sustento familiar.
Diante da situação, o Sindipetro-LP e a FNP intensificam a cobrança à Petrobrás para que tome medidas imediatas e volte a priorizar o pagamento direto aos trabalhadores. A exigência é clara: garantir que os direitos trabalhistas sejam respeitados e que as famílias prejudicadas possam recuperar sua dignidade.
As entidades sindicais reforçam que a responsabilidade social da Petrobrás, como tomadora de serviços, deve prevalecer. Liberar recursos para uma empresa até aqui inadimplente, que reiteradamente descumpre suas obrigações, é um desrespeito aos direitos dos trabalhadores e representa um perigoso precedente. A luta por salários dignos e pelo cumprimento dos direitos trabalhistas continua, e os sindicatos não recuarão até que justiça seja feita e os trabalhadores da LCD recebam o que lhes é devido.