Petrobrás aprova a retomada da distribuição de GLP e abre caminho para preços mais justos

Do poço ao posto

O Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista comemora a decisão do Conselho de Administração da Petrobrás, tomada no último dia 7, de autorizar o retorno da estatal ao mercado de distribuição de GLP. A medida corrige, ainda que parcialmente, um dos maiores retrocessos do governo Bolsonaro, que privatizou a Liquigás e a BR Distribuidora, entregando setores estratégicos da cadeia de combustíveis a grupos privados que passaram a lucrar de forma abusiva às custas da população.

Desde a venda dessas empresas, sindicatos, federações e institutos de pesquisa denunciaram a concentração de mercado e os lucros exorbitantes das distribuidoras privadas. O resultado desse monopólio foi sentido no bolso do povo: enquanto o botijão saía da refinaria por cerca de R$ 37, chegava ao consumidor final por R$ 120 e, em algumas cidades, até R$ 140.

O Sindipetro-LP lembra que este cenário começou a ser desenhado após o golpe jurídico-parlamentar de 2016, com o governo Temer e o então presidente da Petrobrás, Pedro Parente, implantando a nociva Política de Paridade de Importação (PPI). Essa política, atrelada ao dólar e ao preço internacional do barril de petróleo, colocou o Brasil de joelhos diante do mercado externo e foi responsável por aumentos diários nos combustíveis, culminando na histórica greve dos caminhoneiros.

Bolsonaro, mesmo prometendo acabar com o PPI, manteve a política e aprofundou o desmonte do Sistema Petrobrás, vendendo refinarias estratégicas como a RLAM – Refinaria Landulpho Alves (Bahia), REMAN – Refinaria Isaac Sabbá (Manaus, Amazonas),Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) e Refinaria Clara Camarão (RN), reduzindo a capacidade nacional de refino e, consequentemente, a autonomia do país na produção de derivados. A venda da BR Distribuidora, rebatizada de Vibra, foi outro golpe à soberania energética, mantendo a marca Petrobrás nos postos e induzindo o consumidor ao erro.

Com o governo Lula, o PPI foi extinto pelo então presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, e substituído por uma política de preços menos volátil, que considera a realidade do mercado interno. No entanto, como o setor de distribuição segue nas mãos da iniciativa privada, os reajustes positivos na refinaria não chegam ao consumidor final, mantendo margens de lucro abusivas para empresários.

Para o Sindipetro-LP, a decisão da retomada da distribuição de GLP pela Petrobras é um passo importante para reverter esse cenário, garantindo preços mais justos e rompendo com a lógica de exploração das famílias brasileiras. O Sindicato reforça que combustível e gás de cozinha são bens essenciais e devem ser tratados como direitos da população, não como mercadoria para enriquecimento de poucos.

A categoria petroleira segue mobilizada para que a estatal também retome a distribuição de combustíveis líquidos, fortalecendo a soberania energética, a geração de empregos e a função social da Petrobrás.