Sindipetro-LP participa de reunião no Rio de Janeiro com a FNP e a Petrobrás sobre ACT

Vai ter luta!

Na quinta-feira (28), a diretoria do Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista participou, junto com dirigentes da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), de uma reunião presencial no Edisen, no Rio de Janeiro, com representantes do RH e da gerência executiva da Petrobrás, além de subsidiárias da companhia. O encontro tratou do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e também de pontos estratégicos apresentados pela gestão da empresa.

No início, a Petrobrás expôs seu plano estratégico até 2050 e o plano de negócios de 2025 a 2029, reafirmando o foco em óleo e gás, reposição de reservas e ampliação do parque industrial, com promessa de maior oferta de produtos de baixo carbono. A direção destacou ainda a meta de alcançar neutralidade nas emissões operacionais e afirmou ser liderança na transição energética no país, lembrando que, até 2022, respondia por 31% da oferta de energia no Brasil, o que equivale a cerca de 14 hexajoules.

A previsão da empresa é chegar a 22 hexajoules em 2050, mantendo os 31% da oferta, mas com 11% oriundos de energia renovável. A gerência ressaltou também que países emergentes concentram 80% do crescimento da demanda global de energia e que, em 2024, a participação do petróleo na matriz energética mundial caiu pela primeira vez para menos de 30%. Explicou ainda que a OPEP regula o ritmo da transição energética ao aumentar a produção de petróleo, o que derruba o preço do barril do Brent e mantém o petróleo competitivo, retardando a transição. A Petrobrás estima que o Brent ficará na faixa entre 63 e 68 dólares até 2030.

No campo financeiro, a empresa informou que seu limite de endividamento é de 75 bilhões de dólares, valor ainda não atingido, mas reconheceu que a dívida vem crescendo. Afirmou que a queda do preço do barril, aliada à redução do lucro e ao aumento dos investimentos, pressiona o fluxo de caixa. Também anunciou o retorno à distribuição de combustíveis, começando pelo GLP, embora ainda precise estruturar a logística para operar. Acrescentou que já tem autorização legal para fornecer gás natural diretamente ao consumidor e que pretende investir na distribuição de diesel, cuja demanda cresce no Centro-Oeste, Norte e Sul, apesar de estar estagnada no Sudeste e Sul. No entanto, a própria apresentação sobre lucro, fluxo de caixa e preço do Brent não refletiu a realidade do esforço da categoria, que manteve a produção em recorde e garantiu resultados positivos para a empresa no primeiro trimestre.

A Petrobrás tenta usar o discurso do lucro, do fluxo de caixa, da dívida e do preço do Brent para limitar avanços no ACT, mas o Sindipetro-LP e a FNP não aceitarão que esses argumentos sirvam de justificativa para cortar direitos. Somos nós, trabalhadores e trabalhadoras, que produzimos e sustentamos a empresa, e vamos exigir tudo que é nosso por direito. Também repudiamos veementemente que a Petrobrás continue a repassar bilhões aos acionistas, especialmente aos minoritários estrangeiros, que retiram nossas riquezas por mecanismos como dividendos e pelo sistema da dívida pública, atacando a soberania nacional e retirando recursos que deveriam ser investidos em emprego, direitos e desenvolvimento do país.

Sobre o ACT, a gerência informou que haverá prorrogação por 30 dias, com possibilidade de novas extensões caso seja necessário. Propôs ainda a suspensão temporária dos grupos de trabalho e comissões para concentrar esforços nas negociações. O Sindipetro-LP, em unidade com a FNP, ponderou que ao menos o GT de SMS dos prestadores de serviço deve ser mantido, já que trata da saúde e da vida dos trabalhadores. Outro ponto levantado pela empresa foi o de restringir a divulgação das reuniões somente a partir das 16h, após os encontros com FNP e FUP. Os dirigentes, por sua vez, defenderam que os informes devem ser repassados imediatamente após o término da última reunião do dia, garantindo transparência e acesso rápido às informações pela categoria. Também foi retomada a discussão sobre gravações de falas de dirigentes sindicais em reuniões anteriores, o que segue em debate.

A próxima rodada de negociação está marcada para o dia 2 de setembro, no Edihbe, na sala 118, com reuniões híbridas pela manhã com a FUP e, a partir das 13h, com a FNP. Transpetro e PBio também participaram do encontro e confirmaram que seguirão todas as orientações apresentadas pela Petrobrás, inclusive no que diz respeito à prorrogação do prazo de negociação. O Sindipetro-LP reafirma que seguirá firme e atento em defesa da categoria, cobrando que a Petrobrás apresente propostas concretas que valorizem os trabalhadores, aposentados e pensionistas e garantam direitos e condições dignas de trabalho.

O Sindipetro-LP e a FNP manterão seu foco exclusivo na luta pelos direitos da categoria petroleira, envidando todos os esforços para construir uma luta unificada e levar o melhor ACT dos últimos anos.