Diante do genocídio palestino, é urgente barrar o envio de aço a Israel pelo Porto de Santos

Mobilização 4 e 5 de setembro

Diante do genocídio contra o povo palestino, torna-se urgente empenhar todos os esforços internacionais para interromper qualquer forma de financiamento à extinção de um povo, que é atacado por meio da desapropriação de suas terras, do bloqueio econômico e de uma política sistemática de violência.

O mais recente capítulo dessa tragédia atravessa diretamente a nossa região: há fortes indícios de uma iminente exportação de 48 caixas de barras de aço de uso dual, acondicionadas em dois contêineres, destinadas à indústria militar israelense. A saída está prevista para 5 de setembro de 2025, pelo Porto de Santos.

A denúncia foi apresentada pela deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL/SP) e pela vereadora Débora Camilo (PSOL/Santos), em requerimento encaminhado ao Ministério Público Federal (veja aqui). A iniciativa contou também com o apoio do Coletivo Palestina Livre da Baixada Santista, da Frente Palestina de São Paulo e do movimento BDS. O documento alerta que a exportação foi autorizada por meio de “liberação expressa”, sem avaliação de risco sobre o uso bélico do material e violando compromissos internacionais firmados pelo Brasil em defesa da paz e dos direitos humanos.

Além da denúncia, vereadores de Santos também protocolaram ofícios à Autoridade Portuária cobrando explicações sobre a legalidade da operação, os pareceres técnicos e a consulta (ou não) a órgãos de controle como Itamaraty e Ministério da Defesa. Assinam esses ofícios os vereadores Débora Camilo (PSOL), Marcos Caseiro (PT), Chico Nogueira (PT), Benedito Furtado (PSB), Claudia Alonso (PODEMOS), Paulo Miyashiro (REP), Cacá Teixeira (PSDB) e Zequinha Teixeira (PP), ampliando o apoio institucional à denúncia.

De acordo com a denúncia, essa tentativa de embarque não é um episódio isolado, mas parte de um longo processo histórico. O pretexto de combater o Hamas tem sido reiteradamente usado para justificar ofensivas que, na prática, recaem sobre a população civil. Desde outubro de 2023, com o início da atual ofensiva militar israelense sobre Gaza, o mundo assiste ao aprofundamento da tragédia: cerco absoluto ao território, fome como arma de guerra e bombardeios indiscriminados contra hospitais, escolas e abrigos civis.

A gravidade do momento foi reconhecida pela comunidade internacional. Em 2024, a ONU publicou relatório especial que cita a Petrobrás entre as empresas ligadas, ainda que indiretamente, ao financiamento do genocídio palestino. Isso porque relações comerciais e fornecimentos que beneficiam Israel acabam sustentando sua máquina de guerra. Essa denúncia coloca em evidência a encruzilhada em que estamos: ou a Petrobrás se afirma como empresa pública a serviço do povo brasileiro, ou seguirá atrelada a interesses que a transformam em peça de engrenagens coloniais e genocidas.

Para os trabalhadores e trabalhadoras do petróleo, esse debate é essencial. Entre os dias 5 e 8 de junho de 2025, em Santos, o XV Congresso da FNP reafirmou que nossa luta vai muito além das cláusulas econômicas do Acordo Coletivo. Defender a Petrobrás pública e soberana significa também defender que ela não seja instrumento de violações de direitos humanos. Significa construir solidariedade internacional, alinhar-se à luta dos povos e dizer não ao genocídio em Gaza.

Confirmada a denúncia, é inaceitável que o Porto de Santos, construído com o trabalho de milhares de homens e mulheres, seja transformado em corredor logístico de uma guerra desumana.

No dia 4 de setembro, às 16h, haverá uma sessão de moção de repúdio na Câmara Municipal de Santos. Já em 5 de setembro, às 11h, movimentos sociais e organizações convocam uma manifestação em frente à sede da Autoridade Portuária, exigindo que o aço não saia de Santos rumo a Israel.

A luta do povo palestino é também a luta de todos que acreditam na soberania, nos direitos humanos e na justiça social. Enquanto petroleiros e petroleiras, reafirmamos nosso compromisso histórico com a solidariedade. Nenhum recurso, nenhum insumo, nenhuma exportação deve alimentar a máquina de guerra que busca apagar um povo inteiro da história.