Vai ter luta!
Os petroleiros e petroleiras mostraram mais uma vez sua força e capacidade de organização na mobilização nacional desta terça-feira (14), que tomou conta das plataformas da Bacia de Santos, das unidades operacionais do Litoral Paulista e de outras bases da FNP. O movimento, marcado pela firmeza e unidade, reafirmou que a categoria está disposta a lutar por um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) compatível com os lucros bilionários da Petrobrás e com o papel essencial que cada trabalhador e trabalhadora exerce no funcionamento da empresa.
No Litoral Paulista, as orientações do Sindipetro-LP chegaram a todas as unidades — das bases em terra às plataformas — e a resposta dos trabalhadores embarcados foi exemplar. Nas plataformas P-66, P-67, P-68, P-69, P-70 e Mexilhão, as equipes realizaram operação padrão, não emitiram nem liberaram PTs e mantiveram o foco na segurança e na unidade da categoria. A mobilização começou dias antes, com reuniões de alinhamento nas embarcações e articulação pelos grupos de WhatsApp, em um processo de troca de informações e divisão de tarefas entre quem embarcava e quem desembarcava — o que garantiu a continuidade e o fortalecimento do movimento.
No aeroporto de Jacarepaguá, a diretoria do Sindipetro-LP acompanhou de perto os embarques, conversando diretamente com os trabalhadores e trabalhadoras, distribuindo materiais sobre o ACT 2025-2026 e reforçando o chamado à mobilização.
As mobilizações são legítimas e fazem parte da estratégia da FNP de manter a pressão sobre a Petrobrás, garantindo poder real de negociação na mesa. Cabe à categoria decidir a melhor forma de conduzir esse embate, e foi exatamente isso que aconteceu nas assembleias do dia 11 de setembro, quando, por ampla maioria, foram aprovadas as mobilizações, o estado de greve e a assembleia permanente.
A categoria sabe o caminho e tem memória, ratificando que qualquer tipo de assédio, perseguição ou tentativa de punição pela participação nas mobilizações será combatida com firmeza — e os responsáveis serão cobrados e responsabilizados. Não esquecemos os casos de 2020, durante o governo Bolsonaro, quando trabalhadores de plataformas foram punidos por exercer o direito de greve e o Sindipetro-LP garantiu na Justiça a reversão de demissões e penalidades. Hoje, em um cenário político diferente, os trabalhadores voltam a se mobilizar com ainda mais confiança — sabendo que, se houver assédio, o Sindicato atuará novamente com firmeza para defender cada companheiro e companheira.
Muito além da reposição da inflação
As reivindicações da categoria vão muito além da reposição inflacionária. Entre os pontos centrais estão a devolução dos direitos cortados em 2019, como o Programa Jovem Universitário, a correção da RMNR, a criação de um novo Plano de Cargos e Salários e a valorização da diversidade e da igualdade regional.
Para os trabalhadores embarcados, a pauta da FNP reforça demandas históricas: hotel pré e pós-embarque, logística de deslocamento custeada pela empresa, pagamento de horas extras de deslocamento, melhoria da hotelaria e alimentação a bordo, garantia de vale-alimentação proporcional, adequação das escalas e a criação de uma comissão específica de SMS para as plataformas, diante das condições críticas de segurança denunciadas em diversas unidades.
A defesa de um acordo com vigência de um ano também é estratégica: garante segurança jurídica, mantém o poder de negociação ativo e evita que a categoria fique presa a um ACT longo e sem avanços — uma lição aprendida com o acordo de dois anos imposto em 2019, que trouxe perdas importantes.
A Petrobrás, até agora, mantém a postura de repetir o acordo de dois anos atrás, sem apresentar nenhum avanço concreto.
Mobilização em outras bases
No Litoral Paulista, a mobilização também foi forte nas unidades operacionais em terra. Na UTGCA (Caraguatatuba), no Terminal da Alemoa (Santos) e em Pilões (Cubatão), os trabalhadores e trabalhadoras realizaram atos, panfletagens e conversas com as equipes sobre o ACT 2025-2026, reforçando a importância da luta por valorização e direitos.
As mobilizações também se estenderam por outras regiões do país. No Rio de Janeiro, o Sindipetro-RJ promoveu atrasos nos embarques e panfletagens nas unidades e no Edifício Horta Barbosa. Em Manaus, o Sindipetro Amazônia denunciou o descaso da empresa com as negociações e reforçou a cobrança por avanços concretos.
Essas ações mostraram que o movimento é nacional e coordenado — parte de uma ofensiva unificada da FNP para pressionar a empresa antes da reunião de negociação marcada para quinta-feira (16), quando a Petrobrás deverá apresentar sua segunda proposta para o ACT.
Com mobilização em terra e no mar, os petroleiros e petroleiras deram um recado claro: não há produção, nem lucro bilionário, sem quem faz a Petrobrás acontecer todos os dias. E se for preciso parar para ser ouvido, a categoria já mostrou que está pronta.