Nenhum trabalhador ou trabalhadora sem voz!
Após mais um ataque da gestão Magda Chambriard, que tenta agora desimplantar trabalhadores e trabalhadoras do regime offshore de forma unilateral e sem diálogo, as Federações Nacional dos Petroleiros (FNP) e Única dos Petroleiros (FUP) realizaram uma reunião conjunta nesta sexta-feira (24) para definir ações imediatas de resposta.
A decisão marca um passo importante na construção de uma frente unificada da categoria petroleira diante das investidas autoritárias da Petrobrás. Durante o encontro, foi deliberado o envio de um ofício conjunto à direção da empresa, exigindo a reversão imediata dos desimplantes e das mudanças de regime realizadas sem negociação com as entidades sindicais, em desrespeito ao próprio Acordo Coletivo de Trabalho (ACT 2023–2025).
Para as federações, qualquer mudança de regime, jornada ou tabela de embarque deve obrigatoriamente envolver deliberação da categoria, representada pelas entidades sindicais — e a tentativa de desimplante imposta pela empresa viola frontalmente o ACT.
Além disso, FNP e FUP cobrarão uma reunião emergencial com a Diretoria de Exploração e Produção e com o RH corporativo para que a Petrobrás explique as medidas adotadas e apresente um plano de correção imediato.
A decisão reforça que, se não houver recuo da empresa, as federações convocarão paralisações conjuntas nos aeroportos e unidades operacionais de todo o país, transformando a indignação da categoria em uma resposta nacional coordenada.
O recado é claro: ou a Petrobrás recua, ou enfrentará a força organizada dos petroleiros e petroleiras.
Desrespeito e insegurança no regime offshore
A denúncia que motivou a reação nacional foi publicada pelo Sindipetro-LP e revela uma manobra absurda da gestão da Petrobrás. Segundo relatos de trabalhadores e trabalhadoras recém-admitidos no último concurso e lotados nas unidades da Bacia de Santos (BS), todos foram informados de que seriam desimplantados do regime offshore e transferidos para o regime administrativo (ADM) — uma decisão que, conforme informado, veio “de cima”.
Mesmo assim, esses profissionais seguiriam embarcando normalmente, mas na condição de “eventuais”, perdendo direitos fundamentais como o auxílio deslocamento, o hotel de pré-embarque e benefícios conquistados historicamente pela categoria.
As denúncias apontam ainda que a Petrobrás alterou as fichas funcionais de alguns empregados, transferindo sua lotação de EDISA (Santos) para EDISEN (Rio de Janeiro), numa clara tentativa de burlar o direito à transferência e à representação sindical legítima.
Essa atitude autoritária e unilateral configura assédio institucional e demonstra o completo desrespeito da gestão com os trabalhadores e com suas entidades representativas.
O Sindipetro-LP já alertou: a paciência acabou. A categoria está cansada do descaso, da perseguição e da gestão baseada no medo. Em pleno processo de negociação do ACT, ações como essa só reforçam a disposição para a luta e a greve.
Pautas gerais sem avanço e isonomia 14×21
Além da denúncia sobre o regime offshore, a reunião também expôs a falta de avanço nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que segue emperrado em pontos centrais para toda a categoria. As federações destacaram que a Petrobrás ainda não apresentou soluções concretas para pautas históricas, como o aumento real de salários, regras claras e democráticas para o teletrabalho, alimentação digna e gratuita, isonomia entre trabalhadores próprios e contratados, melhorias nas condições de alojamento e transporte, recomposição do efetivo operacional e o cumprimento das mesas temáticas previstas no ACT, como as de Frequência, Regimes de Trabalho e Teletrabalho, que seguem sem avanço.
As federações também ressaltaram a proposta do deputado federal Lindbergh Farias, que defende a isonomia entre trabalhadores próprios e contratados do setor offshore, com a adoção do regime 14×21 como padrão nacional, em substituição ao 14×14 praticado por muitas empresas terceirizadas contratadas pela Petrobrás — uma mudança que, assim como a luta pelo fim da escala 6×1, busca garantir mais tempo de descanso, segurança e saúde à força de trabalho contratada.
Para os sindicatos, enquanto a Petrobrás distribui dividendos bilionários aos acionistas, mantém um discurso de “austeridade” para os trabalhadores e trabalhadoras, negando avanços mínimos e desrespeitando o diálogo com as federações.
Categoria em estado de mobilização
A unidade construída entre FNP e FUP aponta para uma nova etapa de mobilização nacional, com o objetivo de defender o ACT, combater os ataques aos regimes de trabalho e garantir respeito à representação sindical.
Caso a Petrobrás não recue e não restabeleça imediatamente o regime offshore — e não corrija as distorções que afetam toda a categoria —, as federações orientarão suas bases a aprovar estado de greve e paralisar aeroportos e unidades operacionais em todo o país.
A categoria petroleira, símbolo histórico de resistência e organização, se prepara para mostrar mais uma vez sua força.
Nenhum trabalhador ou trabalhadora sem voz!
