ACT em pauta
Petroleiros e petroleiras ativos e aposentados se reuniram nesta quarta-feira (29) em frente ao Edisa Valongo, em Santos, em um grande ato em defesa dos participantes da Petros e pela valorização da categoria.
A mobilização foi organizada pelo Fórum em Defesa dos Participantes da Petros, do qual o Sindipetro-LP e a FNP fazem parte. O ato teve a participação dos sindicatos da FUP, Sindipetro Unificado São Paulo, Sindipetro São José dos Campos, Sindipetro Unificado Mauá, Sindipetro Unificado Campinas, Cepe 2004, Fenaspe e Ambep. O ato demonstrou a unidade da categoria na luta por justiça e pela reconstrução da Petrobrás como empresa pública e socialmente responsável.
O evento fez parte de uma mobilização nacional, com atividades simultâneas em Brasília, Salvador, Aracaju, Natal e Rio Grande do Sul, além de outras bases da Petrobrás. Por conta da grave situação de violência e insegurança no Rio de Janeiro, onde foi registrada uma chacina com dezenas de mortos após megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha contra o Comando Vermelho, o ato previsto para ocorrer em frente ao Edisen precisou ser cancelado.
A principal cobrança foi para que a presidenta da companhia, Magda Chambriard, receba as entidades representativas e apresente uma proposta concreta para pôr fim aos equacionamentos que há sete anos penalizam aposentados, aposentadas e pensionistas dos planos Petros.
Durante as falas, dirigentes das duas federações e associações presentes reforçaram que a Petrobrás tem plena responsabilidade sobre os déficits dos planos, já que foi a empresa quem definiu regras, patrocinou gestões e utilizou os recursos durante décadas. Por isso, exigem que a estatal aporte recursos novos, conforme apontam estudos técnicos e jurídicos elaborados pelo Fórum em Defesa dos Participantes da Petros.
ACT 2025: valorização, reajuste real e respeito à pauta offshore
O diretor do Sindipetro-LP, Fabio Mello, destacou que a luta por um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) justo caminha lado a lado com a defesa da Petros. Ele criticou o arrocho e o desrespeito da atual gestão da empresa, que mantém propostas rebaixadas, sem ganho real e sem responder às principais reivindicações da categoria.
Entre os pontos defendidos estão:
Reposição salarial e ganho real, após anos de congelamento e perdas acumuladas desde 2019;
Retomada do Programa Jovem Universitário, suprimido no governo anterior;
Cumprimento da Lei nº 5.811/72, assegurando transporte e alimentação gratuitos aos trabalhadores offshore — e não apenas o trecho entre o aeroporto e a plataforma;
Combate à terceirização indiscriminada e recomposição do efetivo;
Manutenção do plano de saúde para trabalhadores contratados;
E a criação de um vale-alimentação justo e unificado para todos os regimes de trabalho.
Mello lembrou ainda que, enquanto a Petrobrás anuncia lucros recordes e distribui bilhões de reais a acionistas estrangeiros, os trabalhadores seguem enfrentando condições precárias e perda de direitos.
“A gestão de Magda Chambriard fala em investimentos e transição energética justa, mas mantém a lógica de premiar o capital financeiro às custas de quem produz. Nenhum direito vem de presente — é com mobilização que a gente conquista”, concluiu sua fala.
“Dinheiro novo para resolver um problema antigo”
Em seguida, Pedro Augusto, do Sindipetro Unificado de São Paulo, reforçou a centralidade da pauta Petros nas mesas de negociação. Ele ressaltou que as federações de petroleiros têm posição unificada sobre a necessidade de aporte de recursos novos por parte da Petrobrás, como única forma de acabar com os equacionamentos que afetam milhares de famílias.
“A Petrobrás precisa dizer quanto vai colocar para resolver esse problema. Não dá para encerrar mais um ano sem uma solução definitiva para os equacionamentos que destroem a vida de aposentados e pensionistas que contribuíram com suor e sangue para construir essa empresa”, disse o dirigente.
Pedro destacou ainda que a unidade entre ativos e aposentados é o elemento que sustenta a luta neste momento, e que não há espaço para divisões internas diante de uma política que privilegia dividendos em detrimento de direitos.
Próximos passos da luta
Encerrando as falas, o secretário-geral da FNP, Adaedson Costa, apresentou os avanços conquistados pelo Fórum das Entidades da Petros, que reúne federações e associações de trabalhadores, como Ambep, FNP e FUP, e apontou os próximos passos da campanha.
Adaedson informou que as entidades assinaram contratos com consultorias contábil e jurídica para preparar um documento técnico robusto que será entregue ao Tribunal de Contas da União (TCU). Esse material demonstrará, com base em cálculos atuariais, como a Petrobrás pode aportar recursos de forma legal, segura e sustentável.
Adaedson destacou também a importância da transparência e da participação direta dos participantes da Petros em todas as etapas do processo.
“O que decide é a força da categoria. Temos apoio técnico e político, mas a solução virá com mobilização. Se for preciso, vamos acampar em Brasília. É hora de união e pressão organizada”, afirmou.
O diretor do Sinidpetro-LP também reforçou que o Fórum trabalha com prazos claros e que o processo de simulação e consulta será transparente, com todas as alternativas apresentadas aos participantes antes de qualquer decisão.
O Ato Nacional em Defesa dos Participantes da Petros mostrou que a categoria segue unida e mobilizada. A presença conjunta de sindicatos da FNP e da FUP, da Ambep, da Fenaspe, do Cepe 2004 e de representantes de diversas bases reforça a disposição de lutar por uma Petrobrás pública, soberana e justa, que valorize quem constrói sua riqueza — e não apenas os acionistas.
