Novembro Azul
O mês de novembro chegou e com ele o momento de reflexão e ação sobre a saúde masculina — em especial, sobre o exame de próstata. Em nosso ambiente de trabalho, marcado por turnos alternados, ritmo intenso e exposições ocupacionais, essa atenção se torna ainda mais urgente.
A campanha Novembro Azul tradicionalmente reforça os cuidados da saúde para prevenção do câncer de próstata, mas ela deve ser usada para ir além. É também uma oportunidade de incluir a saúde sexual e reprodutiva como eixos fundamentais do bem-estar geral.
A discussão pode abranger a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o uso indiscriminado de hormônios e medicamentos para desempenho sexual e a manutenção de uma vida sexual saudável em todas as idades — temas que merecem ser tratados com a mesma seriedade que qualquer outro aspecto da saúde ocupacional.
Cuidar da saúde sexual também é cuidar da autoestima, das relações e da qualidade de vida. O equilíbrio físico e emocional é parte essencial de quem trabalha sob pressão e enfrenta rotinas exigentes, como é o caso da categoria petroleira.
Por que essa conversa é importante para quem vive o setor do petróleo
Estudos internacionais e nacionais sinalizam que trabalhadores da indústria do petróleo apresentam maior incidência de determinados tipos de câncer — dentre eles o de próstata. No âmbito da International Agency for Research on Cancer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde, levantamentos mostram risco aumentado para câncer de próstata em grupos de trabalhadores de refinarias e plataformas. Esses estudos foram realizados com coortes — ou seja, grupos de trabalhadores acompanhados ao longo de vários anos, para observar a relação entre suas condições de trabalho e o surgimento de doenças.
Os resultados apontam que esse risco pode estar associado a fatores críticos do setor: exposições a agentes reconhecidamente carcinogênicos, e, conforme a IARC, arsênio e compostos inorgânicos de arsênio, cádmio e compostos de cádmio, radiações ionizantes (X e gama) e condições de trabalho em turnos noturnos, que apresentam evidência limitada de associação com câncer de próstata.
Além disso, a presença de múltiplos compostos químicos no ambiente de refinarias, plataformas, terminais e unidades de apoio reforça a importância do monitoramento contínuo, da prevenção ocupacional e da vigilância em saúde voltada às populações expostas.
Por isso, é essencial que cada trabalhador e trabalhadora entenda: esse assunto não é genérico — é parte da nossa realidade.
O que você pode fazer — e por que não esperar
• Agende uma consulta com urologista ou serviço de saúde ocupacional para conversar sobre seu caso. Informe idade, histórico familiar, se já trabalhou longamente em turno e exposições que teve.
• O Instituto Nacional de Câncer (INCA) orienta que o rastreamento da próstata deve ser uma decisão compartilhada entre paciente e médico, considerando os fatores de risco.
• A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) recomenda avaliação a partir dos 50 anos, ou já aos 45 para quem tem histórico familiar ou pertence a grupos de risco — o que inclui parte dos petroleiros e petroleiras que enfrentam condições de risco acelerado.
Atenção aos sintomas: o câncer de próstata costuma se desenvolver de forma silenciosa, e muitas vezes não apresenta sinais nas fases iniciais. Por isso, é essencial estar atento a mudanças sutis no corpo.
Entre os sintomas mais comuns estão:
• Jato urinário fraco ou interrompido;
• Dificuldade para iniciar ou manter o fluxo da urina;
• Sensação de bexiga cheia mesmo após urinar;
• Sangue na urina ou no sêmen;
• Dor ou desconforto na região pélvica ou lombar.
Nos casos mais avançados, podem surgir dores ósseas, geralmente na coluna, quadris ou costelas — causadas pela metástase óssea, quando o câncer se espalha para os ossos. Essa dor tende a ser profunda, contínua e mais intensa à noite, podendo vir acompanhada de rigidez ou limitação de movimento.
Ao notar qualquer um desses sinais, procure atendimento médico imediatamente. Detectar precocemente é o passo mais importante para garantir tratamento eficaz e preservar a qualidade de vida.
• Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, atividade física regular, controle de peso e evitar o cigarro ajudam a reduzir riscos e a melhorar a saúde geral.
O que o sindicato faz — e como você se soma
No Sindipetro-LP, nós nos somamos à luta por ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis. Estamos comprometidos com:
• Cobrar das empresas a adequação dos PCMSOs (Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional) que considerem os riscos específicos de turno e exposição do setor petrolífero.
• Monitorar a efetiva oferta de consultas urológicas e avaliações ocupacionais para quem está em regime de turno ou com histórico de exposição relevante.
• Mobilizar os trabalhadores e trabalhadoras para participarem ativamente das campanhas de prevenção — porque o conhecimento e a ação coletiva somam ao cuidado individual.
Petroleiro, petroleira: cuidar da saúde da próstata é cuidar da sua vida, da sua família e da sua força de trabalho. E neste Novembro Azul, reforçamos que saúde não se limita a um exame — ela envolve também a vida sexual, a prevenção e o cuidado integral.
Enfrentar os riscos, mesmo os silenciosos, faz parte da nossa rotina de luta e de proteção. Assim como defendemos condições dignas de trabalho e segurança nas unidades, também precisamos defender o direito à saúde plena — no corpo e na mente.
Porque quem produz a riqueza deste país tem o direito de viver com qualidade, com dignidade e com acesso à prevenção.
Faça sua consulta. Converse com seus colegas. Espalhe a conscientização.
