Mais uma mesa de negociação
Em reunião com o RH da Petrobrás, Federação Nacional dos Petroleiros reivindicou melhorias no acordo de paradas de manutenção e confirmou que assembleias com indicativo de greve começam já na próxima semana
A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) voltou a cobrar avanços concretos da Petrobras nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e no Acordo de Parada de Manutenção, durante reunião realizada nesta quinta-feira (27/11).
O encontro, que aconteceu no Edifício Senado (Edisen), no Rio de Janeiro, e contou com dirigentes sindicais e representantes do RH da companhia, foi marcado por críticas à lentidão das negociações e pelo alerta de que a categoria está à beira de uma greve nacional, caso não haja avanço nas cláusulas econômicas e sociais.
Logo no início da reunião, a FNP relatou um episódio ocorrido no Aeroporto de Maricá, onde cerca de 10 viaturas e 30 policiais foram enviados para inibir uma mobilização pacífica com os trabalhadores offshore.
A Federação classificou a ação como “desproporcional e intimidatória”, ressaltando que a repressão contrasta com a falta de fiscalização quando terceirizadas descumprem direitos trabalhistas.
A Petrobrás alegou que não acionou a polícia e que o aeroporto possui gestão independente, mas registrou a reclamação dos sindicatos.
A FNP manifestou insatisfação com a falta de respostas da empresa sobre pontos centrais do ACT, como reajustes, benefícios e políticas de saúde. Entre os temas discutidos:
AMS: sindicatos pediram documento formal garantindo a manutenção do plano para dependentes. A Petrobras afirmou ter compromisso com o benefício, mas avaliará a ratificação por escrito.
Programa Jovem Universitário: a Federação defendeu a retomada da graduação no benefício educacional, alegando impacto financeiro marginal. A empresa informou que o custo atual global desta rubrica é de R$ 400–500 milhões/ano e prometeu apresentar cálculos.
Vale alimentação para industrial e offshore: os sindicatos da FNP pediram a extensão parcial do VA conforme pauta do ACT.. A Petrobras alegou restrições, mas continuará analisando.Mas o ponto mais sensível do encontro foi, sem dúvida, o Acordo de Parada de Manutenção, que deverá integrar o ACT 2025- 2026.
Paradas de Manutenção: direitos, jornada e segurança estão no centro da disputa
A Petrobrás apresentou uma versão atualizada do acordo específico para as paradas de manutenção, que constituem períodos de grande esforço operacional e desgaste reconhecido pela categoria.
A inclusão de Usinas Termelétricas (UTE) e Plantas de Processamento de Gás, quando aplicável, ampliou o escopo inicialmente proposto.
A proposta mantém jornada diária de 7h24 durante a Fase 2 (manutenção), com possibilidade de até 3h extras por dia útil e 10h em fins de semana/feriados. Para reduzir fadiga, a empresa admitiu mudanças:
1 folga semanal garantida, vedado trabalhar 7 dias seguidos;
1 domingo de folga por mês;
1 fim de semana completo a cada 30 dias.
A FNP avalia que as melhorias são resultado direto da pressão da base, mas ainda insuficientes frente ao desgaste físico e mental característico das paradas.
Remuneração e isonomia
A Petrobrás propôs pagamento integral das horas extras, sem banco de horas, além da equalização entre diferentes bases de cálculo (168h vs 200h).
A Federação Nacional dos Petroleiros considera o avanço positivo, mas insiste que o pacote geral de valorização da categoria ainda está aquém dos lucros da companhia.
A FNP reforçou a necessidade de equipe de saúde própria durante as paradas de manutenção e de que o primeiro adentramento em espaços confinados seja feito por técnicos de segurança da casa — ponto que a Petrobras aceitou parcialmente, garantindo preferência para técnicos próprios.
Também foi firmada autorização para inspeções acompanhadas entre sindicatos e CIPA, além da divulgação prévia do cronograma de paradas.
Ao final da reunião, a FNP deixou claro que a aceitação do Acordo de Parada depende do conjunto do ACT. Sem avanços nas cláusulas econômicas — consideradas travadas —, a tendência é de rejeição e deflagração de greve.
As bases estão pressionando e as assembleias vão começar. Sem valorização real, o movimento paredista é iminente.
A Petrobrás enviará a versão completa do acordo de paradas nos próximos dias.
A categoria, porém, já se organiza para votar indicativos de mobilização para dezembro e a possibilidade de uma greve nacional no setor ganha força a cada nova reunião sem avanço.
Fonte: FNP
