Vamos à luta!
Após quatro meses de negociações e sucessivas prorrogações do Acordo Coletivo, a Petrobrás apresentou aquilo que ousa chamar de “proposta final” para o ACT. O anúncio, feito depois de meses de espera desde a entrega da pauta em julho, revoltou a categoria pela combinação explosiva de conteúdo insuficiente, desigual e recheado de retrocessos. É inaceitável que a maior empresa do país, que bate recordes de produção e distribui dividendos bilionários, entregue um texto tão pobre e ainda tente empurrar a narrativa de que as negociações estão encerradas — como se essa decisão fosse prerrogativa exclusiva da gestão. Mas é preciso deixar claro: quem decide o fim da negociação é a categoria, não o alto escalão da Petrobrás.
A indignação generalizada tem razão de ser. A Petrobrás insiste em oferecer apenas 0,5% de aumento real na RMNR, aplicando somente o IPCA ao restante sem repor também as perdas dos aposentados e pensionistas. Para uma empresa que despeja lucros astronômicos nos bolsos de acionistas privados, esse percentual é um escárnio, um desrespeito frontal com quem mantém o Sistema Petrobrás funcionando 24 horas por dia — em terra, no mar e em todas as unidades operacionais do país.
Mas não para por aí. A proposta formaliza ataques diretos às condições de trabalho, consolidando retrocessos que surgiram ao longo da campanha. Entre eles, a redução do período de proteção no retorno de férias de 8 para 5 dias; a ampliação da jornada para médicos e dentistas recém-contratados, chegando a absurdas 40 horas semanais; a manutenção da política de supressão de folgas no offshore e no turno; a total falta de avanços no teletrabalho.
Outro ponto que revoltou a categoria é o ataque à AMS. A gestão tenta vender como mera “atualização”, mas o que faz, na prática, é transferir aos trabalhadores 30% do custo administrativo, antes totalmente coberto pela empresa. Isso significa R$ 90 milhões anuais jogados sobre a base, somados ao reajuste do Grande Risco atrelado a um índice obscuro e à tentativa da empresa de administrar sozinha o fundo de sustentabilidade — um fundo, vale lembrar, financiado majoritariamente pelos próprios empregados.
A situação é ainda mais revoltante entre aposentados, aposentadas e pensionistas, simplesmente apagados da proposta. Não há qualquer compromisso com a reposição das perdas acumuladas ao longo de décadas, tampouco uma linha concreta que trate da solução dos PEDs da Petros, que seguem devastando o orçamento dos assistidos. A empresa simplesmente finge que esse grupo — que construiu a Petrobrás de hoje — não existe.
Como se não bastasse esse pacote de retrocessos, a Petrobrás ainda tenta chantagear a categoria ao condicionar o adiantamento da PLR e do PRD à assinatura do ACT até 30 de dezembro. Uma manobra vergonhosa, típica de quem sabe que não tem proposta de verdade para apresentar. Usar o período de festas para pressionar trabalhadores é uma tática baixa, a velha estratégia de guerra de oferecer migalhas como se fosse banquete.
Diante de tantos ataques, a resposta da categoria precisa ser proporcional à afronta. A participação nas assembleias deve ser massiva. O Sindipetro-LP reforça a convocação de trabalhadoras e trabalhadores da ativa, aposentados, aposentadas e pensionistas a comparecerem, rejeitarem essa proposta indecente e confirmarem a greve por tempo indeterminado a partir de 15 de dezembro.
A mensagem é direta: a gestão pode tentar impor sua versão dos fatos, mas quem decide o futuro do ACT é a categoria organizada. E, se for necessário cruzar os braços, os petroleiros farão isso com a força histórica de quem sabe que nenhum direito se mantém sem luta e que nenhuma negociação se encerra sem a decisão soberana da base. A Petrobrás precisa entender — de uma vez por todas — que respeito não se pede: se conquista na luta.
