Petrobrás ignora “regras de ouro” e arrisca segurança das plataformas nas mãos de empregados em treinamento

P-70 e 71, vem pra greve!

Há 17 dias em greve nacional, cada dia mais petroleiros e petroleiras aderem ao movimento, que nas bases do litoral paulista somam 10 dias. Nesta segunda-feira (17) são 119 unidades mobilizadas na que já afeta a produção. Enquanto a empresa responde à imprensa que tudo e está bem, e boa parte da mídia se silencia sobre a luta petroleira, gerentes assediam os grevistas e colocam a segurança das unidades e a vida dos trabalhadores em risco.

Em plantão permanente no Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, a diretoria do Sindipetro-LP denuncia que a gestão da Petrobrás está convocando trabalhadores ainda em treinamento para assumir as plataformas afetadas pela greve. Segundo apurado pela entidade sindical, a convocação foi feita aos trabalhadores das Plataformas P-70 e P-71, que estão em treinamento na Baia de Guanabara, no Rio de Janeiro, e no estaleiro de Aracruz, no Espírito Santo, respectivamente.

Esses trabalhadores desconhecem as unidades e alguns têm pouca experiência no regime offshore, uma combinação perigosa para a unidade e para os próprios trabalhadores. Como em outros movimentos de greve, mais uma vez a Petrobrás esquece as regras de ouro que tanto zela, deixando as políticas de Segurança Meio Ambiente e Saúde (SMS) de lado, tentando pela força acabar com a greve.

A diretoria da Petrobrás tem preferido o assédio e o descumprimento das leis de greve e acordos internacionais que o país assina, apelando para a Justiça patronal que encontrou na caneta do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Ives Gandra.

A postura do TST, exigindo mesmo antes do início da greve no Litoral Paulista 90% das atividades, sob pena de R$ 500 mil por dia, contratação temporária de mão de obra terceirizada em substituição dos grevistas, bloqueio das contas dos sindicatos e a suspensão do repasse mensal às entidades sindicais, são medidas que na prática inviabilizam o direito de greve. Aliás, essa é a opinião do Grupo de Pesquisa Trabalho e Capital da Faculdade de Direito da USP, que está organizando um ato de apoio à greve petroleira.

A greve petroleira cresce e tem ganhado apoiadores de todas as categorias, por denunciar e chamar atenção contra a política de Paridade de Preços Internacionais, que tem mantido os preços dos combustíveis altos, favorecendo a importação de países como EUA e China, enquanto mantém a produção nas refinarias do país 30% abaixo de sua capacidade total. Hoje, os combustíveis importados já são cinco centavos mais baratos que os produzidos no Brasil. As consequências estão aí, mais de 13 milhões de desempregados e a desindustrialização do país acelerada, como nunca houve na história.

Cabe aos trabalhadores, que ainda relutam em aderir à greve, se conscientizarem da importância da mobilização para enfrentar as demissões que já vitimaram mil famílias na Fafen Araucária (PR) e exigir o cumprimento de nosso Acordo Coletivo de Trabalho, levando ainda à sociedade nossa luta por preço justo para o gás de cozinha e combustíveis.

Um dado importante e que ajuda a entender a importância da adesão de todas as plataformas na greve, é que as cinco plataformas das bases do Litoral Paulista que aderiram a paralisação (P-66, P-67, P-68, P-69 e Mexilhão) são responsáveis por cerca de 14% da produção nacional de petróleo do pré-sal.

Aos trabalhadores das plataformas P-70 e P-71, os petroleiros do Litoral Paulista em greve pedem: digam não ao assédio e façam parte da greve!

A greve continua!