Com mandado de prisão para gerente geral, trabalhador deixa RPBC após 254 horas de cárcere privado

Liberdade! Liberdade!

Um oficial de Justiça, uma ordem de prisão e uma viatura da Polícia Civil foram necessários para que o gerente geral da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) finalmente, libertasse, na segunda-feira (17), o último petroleiro, mantido em cárcere privado por 254 horas.

O oficial de Justiça e a polícia chegaram à refinaria por volta das 20h30, quando a notícia de que o Ministério Público do Trabalho (MPT) havia pedido a prisão do gerente geral da refinaria já havia se espalhado pela mídia. Ao final da tarde o juiz substituto da 2ª Vara acatou a recomendação do MPT e determinou que caso a refinaria não liberasse o trabalhador, fosse executada a prisão em flagrante do gerente geral da RPBC “pela prática do crime de desobediência (artigo 330, Código Penal)”.

Às 21h o petroleiro deixou a refinaria. Somente depois que o trabalhador entrou no táxi e ultrapassou os portões da RPBC o oficial de Justiça e a Polícia Civil deixaram a unidade.

Com o desfecho da liberação dos petroleiros sendo acontecendo somente depois que um mandado de prisão foi expedido contra um gerente da Petrobrás, a liberação dos 76 trabalhadores foi possível graças ao trabalho permanente da diretoria do sindicato, que desde o dia 12 de fevereiro, quando saiu a liminar determinando a liberação de quem já havia cumprido sua jornada de trabalho, manteve plantão na unidade, dando todo suporte e assistência aos trabalhadores.

O diretor do Sindipetro-LP, Marcelo Juvenal Vasco, que junto com o jurídico do sindicato acompanhou a liberação dos trabalhadores retidos durante a greve, explica que segurar grupos de turno dentro da refinaria é prática recorrente da Petrobrás em períodos de greve. “É esse o papel dos gerentes na refinaria durante a greve, manter grupos de turno, preservando o lucro acima da vida”. Para a categoria, iniciada a greve, depois de finalizada sua jornada de trabalho, as equipes dentro da RPBC devem ser liberadas, mesmo que não ocorram as rendições, o que é possível parando todas as máquinas.

Embora o gerente geral da RPBC tenha escapado por pouco de ser preso, que esse feito inédito do MPT sirva de aviso aos demais gestores da Petrobrás, que assediam e criam suas próprias leis na empresa. Iludidos de que serão mantidos em seus cargos, com gordas bonificações e altos salários, arriscam a própria liberdade e a vida dos colegas para destruir a empresa que os empregou. É lamentável - e criminosos - um gerente se considerar acima da lei, a ponto de expor o trabalhador a riscos à sua saúde e segurança da unidade.

De volta ao convívio da família, parabenizamos todos os trabalhadores que se mantiveram firmes, mesmo com todo cansaço e assédio constante.

A greve já é vitoriosa por colocar à luz esses valorosos petroleiros, que deram aula de engajamento e confiança no movimento sindical!

A greve continua! Hoje é dia de lutar!