Após surto, operadores voltam à RPBC sem análise médica e até teste errado

Covid-19

Gestão da Refinaria de Cubatão não garantiu protocolo médico reivindicado pelo Sindicato, permitindo o retorno de 12 petroleiros que haviam contraído Covid-19 sem qualquer respaldo após quarentena. Por outro lado, autorizou o setor médico a tentar adiantar a volta de um deles por que havia testado negativo. Só dentro da empresa, via e-mail, trabalhador descobriu que estava infectado.

É com indignação que, mais uma vez, o Sindipetro Litoral Paulista denuncia a paralisia geral da gestão da Refinaria de Cubatão (RPBC) diante da pandemia do novo coronavírus. Após se recusar a atender as reivindicações do sindicato e da categoria para proteger a força de trabalho da Covid-19, permitindo se alastrar num único grupo do regime de turno um surto do vírus, a alta administração da unidade permitiu o retorno de 12 técnicos de operação que deixavam a quarentena sem nenhum protocolo médico.

Todos eles, afastados do trabalho após testarem positivo para a Covid-19, retornaram no sábado (23) como se tudo estivesse dentro da “normalidade”. Em reunião com o RH da refinaria uma semana antes, o sindicato já havia solicitado da empresa cuidado especial no retorno desses empregados, exigindo dentre outras medidas análise clínica e testes rápidos. Na sexta-feira (22), um dia antes, novamente os dirigentes sindicais reforçaram o pedido. Aparentemente, a empresa havia acolhido a solicitação. Afinal, não havia razão para rejeitá-la.

Por isso, foi com surpresa e revolta que soubemos da condução desastrosa da gerência no retorno desses trabalhadores. Neste processo, um caso especifico ilustra o tamanho da irresponsabilidade da empresa. Seguindo orientação gerencial, o setor médico da refinaria tentou adiantar o retorno de um deles sob a justificativa de que havia testado negativo e, portanto, já estava apto a retornar ao trabalho. O trabalhador seguiu o calendário do grupo, voltando apenas no sábado (23), e foi com espanto que já dentro da unidade soube sozinho, ao abrir a sua caixa de entrada, que na verdade havia testado positivo para Covid-19. Sim, parece inacreditável, mas é esse tipo de gestão que hoje comanda a maior empresa do país.

Este caso, que se soma a tantos outros em todo o país, escancara o desprezo da direção bolsonarista da Petrobrás com a vida. Mais ainda, revela que sua prioridade pelo lucro não encontra limites. É revoltante notar que estaríamos numa situação muito melhor se a alta gestão aplicasse na proteção dos trabalhadores à Covid-19 o mesmo engajamento que demonstra para manter o efetivo de empregados compatível com as metas de produtividade e lucro aos grandes acionistas.

Os trabalhadores da Petrobrás, diretos e terceirizados, sabem de sua responsabilidade diante da maior crise sanitária da história do país. Por isso, seguem produzindo para garantir combustível para as ambulâncias e ônibus que transportam vidas, e para os caminhões que transportam alimentos e outros insumos; seguem produzindo para garantir gás de cozinha em todos os lares e restaurantes; seguem produzindo para garantir o gás natural para os hospitais. E tantos outros derivados que só podem ser produzidos a partir dessa riqueza chamada petróleo.

Mas esta política desumana da direção da Petrobrás, que enxerga a vida do operário como simples instrumento para se produzir e obter lucro, tem sido cruel. No último dia 19, a refinaria registrou a primeira morte de um trabalhador por Covid-19: Jorge Roberto Cláudio de Jesus, operador de máquinas que atuava no Coque, pela empresa Provac. Índio, como era conhecido, faleceu após 15 dias de internação. Hoje, além de chorar a morte de um colega de trabalho, a categoria reza dia e noite pela vida de outros seis companheiros que seguem internados com Covid-19, sendo dois deles em UTIs.

Por fim, ressaltamos que Sindipetro-LP segue exigindo da companhia testes rápidos a toda força de trabalho, direta e terceirizada, e principalmente aos que trabalham em regime de turno e na CCI, setores onde se concentrou o primeiro foco de contágio. Além disso, o sindicato também já está tomando as devidas medidas cabíveis, junto às autoridades sanitárias, para garantir a preservação da vida de toda categoria petroleira. Mais grave que o novo coronavírus, que exige responsabilidade e esforço coletivo de toda a sociedade, é a postura de uma meia dúzia de privilegiados que não hesitam em colocar o lucro acima da vida. Resistiremos!

#SePuderFicaEmCasa
#SalvarVidasNãoLucros