Petroleiros fazem atraso contra leilão de terminal, terceirização da AMS e aumento de casos de coronavírus

UTGCA e Alemoa

Nesta quinta-feira (17) a diretoria do Sindipetro-LP, mantendo a mobilização da categoria petroleira nas bases do Litoral Paulista, realizou atrasos de manhã e à noite na UTGCA, em Caraguatatuba e no terminal Alemoa, em Santos.

Os petroleiros enfrentam além da pandemia por coronavírus o risco de perderem a AMS, o plano de saúde da categoria, que segundo anunciado pela Petrobrás passará a ser gerida por uma empresa terceirizada, por meio de uma fundação “sem fins lucrativos”, mas que custará de cara mais de R$ 2 bilhões. A terceirização da AMS irá precarizar o benefício da categoria, que hoje é um dos melhores do país. Porém, vindo da gestão bolsonarista no comando da empresa, o objetivo é esse mesmo: sucatear até que deixe de existir.

Os trabalhadores da Alemoa enfrentam além desses problemas, um processo de leilão do terminal, que acarretará, no mínimo, no fechamento de metade dos postos de trabalho de próprios e terceirizados hoje empregados na unidade da região. Isso porque o governo vai dividir em duas a área que hoje é ocupada pela Transpetro e cada interessado poderá adquirir apenas uma delas, ou seja, mesmo que a Transpetro arremate uma das partes, a outra parte terá que ser negociada com a arrematante, sem acordo, poderá haver demissões. 

Nós por nós mesmos
Conforme temos denunciado, o combate ineficiente da Petrobrás não é por acaso. Em matéria publicada nesta quarta no Estadão, revelou que o palácio do planalto sabia do surto de casos de coronavírus entre os petroleiros, estava alerta por uma possível “greve sanitária” e preocupado por desabastecimento por falta de mão de obra para operar as unidades. Segundo a matéria, o alerta foi dado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no dia 6 de maio, mas nenhuma ação foi tomada. Os agentes de inteligência afirmam que, à época, dobrou o número de infectados em apenas nove dias, atingindo 872 trabalhadores em 4 de maio. Destes, 620 estavam no Rio de Janeiro, 105 no Amazonas e 86 em São Paulo.

No dia 9 de maio, após várias denúncias de casos suspeitos na refinaria em Cubatão (RPBC), o Sindipetro-LP publicou matéria denunciando que 15 pessoas de um mesmo grupo de turno (Grupo 5) estavam com sintomas, após serem expostos pela empresa, que achou por bem manter um trabalhador que aguardava resultado por suspeita de covid-19 em uma sala fechada, com cerca de 70 pessoas.

A revelação feita pela matéria é só mais uma prova de que o trabalhador está por conta própria e que se não ficar unido, e encampar uma mobilização forte da categoria, além os números de casos e mortes por covid-19 só vão aumentar.

Segundo o último boletim do Ministério de Minas e Energia, publicado em 15 de junho, foram confirmados 1.309 casos da doença na Petrobrás, sendo que 990 destes estão recuperados.

No entanto, um levantamento feito pela FNP e enviado para a Petrobrás estima ao menos 2.064 casos e 14 óbitos.

Se para Bolsonaro o trabalhador tem que escolher entre morrer pelo coronavírus ou ficar sem emprego, para os petroleiros, a luta é por manter os empregos e as vidas das pessoas. Se para isso for preciso ir para greve, como teme o governo, a categoria está preparada.

Estamos mobilizados!