Plataforma de Mexilhão entra em lockdown pela segunda vez no ano por surto de covid-19

Parada de produção em curso

Nesta sexta-feira (26), após 21 trabalhadores da plataforma de Mexilhão desembarcarem entre quinta e hoje, dentre sintomáticos e contactantes, o coordenador de manutenção, no comando da unidade decretou lockdown na plataforma.

Com POB tendo passado de 109 na segunda às atuais 88 pessoas, a unidade caminha para o limite da operação. No entanto, com quadro já comprometido para as atividades cotidianas, os trabalhadores enfrentam ainda a incerteza de uma parada de produção programada para iniciar na próxima segunda-feira (29). Para o sindicato, é preciso que a empresa suspenda por tempo indeterminado a parada, sob risco de aumentar o surto e inviabilizar inclusive a substituição dos trabalhadores, deixando a unidade descoberta do quadro mínimo, conforme exigido pela empresa durante greves.

Dentre os problemas, fora os já citados até aqui, a coordenação em Mexilhão parece estar à deriva, sem gerência e inseguro em tomar as decisões no tempo certo. Sem geplat, devido ao afastamento do gerente por suspeita de infecção por covid-19, o lockdown é anunciado com atraso de no mínimo quatro dias, após o disparo de casos suspeitos começarem a aparecer na segunda-feira (22). Em janeiro a resposta foi mais rápida e durou cinco dias.

O surto não acontece por acaso. Até terça-feira (23), enquanto os trabalhadores se aglomeravam em contêineres com três a quatro pessoas, gerência e coordenação estavam confortáveis e seguros em camarotes individuais. Tal postura, se colocando acima da categoria, se afastando dos riscos da aglomeração, mostra o desserviço de Roberto Castello Branco, que além de aumentar o próprio salário e de seus executivos, se mantém longe dos trabalhadores, protegido em sua residência há um ano, enquanto exige o sacrifício dos petroleiros, que em algumas unidades sequer recebem máscaras de proteção facial.

Em resposta ao ofício enviado na quinta-feira (25), com questionamentos sobre o surto de covid-19, a empresa limitou-se a responder que a representação dos trabalhadores de PMXL está sob responsabilidade do Sindipetro-RJ, recorrendo ao subterfúgio de responder algo que não foi questionado e que sequer é reconhecido pelo sindicato citado. A resposta da empresa segue o modus operandi do governo Bolsonaro, no comando da Petrobrás, que usa cortina de fumaça para esconder a realidade dos problemas.

Com o lockdown, o próximo passo será encerrar os embarques e desembarques de Mexilhão, subindo apenas a equipe do laboratório que irá testar todos os embarcados. Após detectar e desembarcar todos os infectados e contactantes, uma equipe irá desinfectar a plataforma, para só então ser feita a troca de todo pessoal.

A diretoria do Sindipetro-LP está acompanhando a situação em Mexilhão e tomará todas as medidas necessárias para proteger os trabalhadores.