Novo presidente da Petrobrás quer acabar com home-office e retomar trabalhos presenciais a partir de julho

No edisa falta segurança, testes e máscaras faciai

Com a posse do novo presidente da Petrobrás, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, o trabalho home-office, iniciado como medida para diminuir o avanço do novo coronavírus na empresa, está ameaçado.

Conforme apurado pela diretoria Sindipetro-LP, o comando da empresa no Rio de Janeiro pretende retomar os trabalhos presenciais dos trabalhadores em home-office dos prédios administrativos, dentre os quais os do Edisa Valongo, em Santos, a partir de 1º de julho, começando por pelo menos 20% do pessoal que está em serviço remoto.

Com isso, cerca de 400 pessoas que atendem remotamente a Unidade de Operações da Bacia de Santos (UN-BS), no Edisa Valongo, em Santos, retornariam ao trabalho presencial em 1º de julho.

Na unidade, a medida começaria pela volta do Compartilhado ainda em junho para preparar o prédio para o retorno das operações presenciais. O Edisa abriga cerca de dois mil trabalhadores, entre próprios e terceirizados, que ao retornarem aumentarão e muito os riscos de contágio.

Para o sindicato, o retorno dos trabalhos presenciais vai na contramão das medidas de contenção da pandemia estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que recomenda o trabalho em home-office para evitar aglomerações.

O retorno presencial preocupa, principalmente com a iminência de uma terceira onda de contágios de covid-19 começar no Brasil. Uma pesquisa feita pelos cientistas do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, estima que o país pode atingir 751 mil mortes pelo novo coronavírus até o dia 27 de agosto. O número pode ser ainda maior, pois a projeção analisa um cenário em que 95% da população brasileira usaria máscaras de proteção facial, o que não é realidade. O estudo leva em conta os baixos índices de isolamento social e a vacinação.

No final do ano passado, com a pressão da sociedade diante dos aumentos sucessivos dos combustíveis pela Petrobrás, o presidente Jair Bolsonaro chegou a criticar o então presidente da companhia, Roberto Castello Branco, que estava há cerca de nove meses trabalhando de sua casa, em home-office.

Ao que tudo indica, os atuais gestores da Petrobrás parecem concordar com a sentença do presidente do Brasil, que considera “idiota” quem continua trabalhando em home-office. Seguindo o negacionismo do governo Bolsonaro, o retorno aconteceria ao mesmo tempo em que os gestores do Edisa Valongo retiram os testes rápidos, inclusive para a área operacional do COI (turno) e turnos da segurança, bombeiros e operação predial. Na quinta-feira (20) foi o último dia de trabalho das profissionais que aplicavam os testes rápidos no Edisa.

Além da falta de testes, a empresa, que desde o início da pandemia entregou somente máscaras de péssima qualidade, sequer tem planos de entregar as máscaras adequadas para ambiente fechado (N95 ou PFF2).

Contratos rebaixados afastam empresas idôneas
É cada vez mais difícil encontrar uma empresa que aceite as condições impostas pelos atuais gestores da Petrobrás. Diante de tantos casos de empresas falindo devido a propostas de contratos com valores rebaixados, meta da política de contratação da Petrobrás, quem sofre são os terceirizados, que têm seus salários reduzidos, além de trabalharem com menos pessoas em suas equipes. Isso porque as empresas contratadas tentam reduzir seus custos retirando dos trabalhadores, mas mesmo assim não conseguem atender as demandas e acabam falindo.

Como denunciamos (clique aqui), a segurança no Valongo passou de 13 trabalhadores contratados à três seguranças próprios por turno. São apenas três trabalhadores próprios que se revezam para cobrir os 14 andares do prédio e mais de 15 mil metros quadrados de área.

Até o momento não há previsão para que outra empresa de vigilância assuma o contrato. Isso porque o setor de Suprimentos de Bens e Serviços (SBS) quer uma empresa que aceite tocar o contrato pelo valor rebaixado que estava sendo pago para a empresa Mérito, que abandonou o contrato, deixando seus empregados com salários e benefícios atrasados.

Outros contratos do Edisa Valongo estão apresentando problemas, com risco de novos calotes e demissões.

Mesmo com tantos problemas estruturais para resolver, a gestão do Edisa quer arrumar mais um, convocando a retomada dos trabalhos presenciais. Com o número de cerca de dois mil trabalhadores somente no prédio do Valongo, se o pior acontecer, teremos mais um surto de covid-19 nas bases do LP.

O jurídico do Sindipetro-LP já estuda medidas para impedir a ausência de testagem no Edisa, diante da possibilidade perigosíssima do retorno ao trabalho dos funcionários em home-office que ainda não tomaram a vacina.

Os trabalhadores do Sistema Petrobrás devem se levantar contra mais esse ataque, que coloca em risco suas próprias vidas e de seus familiares.

Se com nossa ação conseguirmos impedir a morte de uma pessoa, todo nosso esforço e luta terá valido a precaução.