Irresponsabilidade e ganância de empresa terceirizada colocam a segurança dos terminais da Transpetro em risco

A história continua

A Diretoria do Sindipetro-LP denunciou há algumas semanas a perigosa política de demissão (leia aqui) em massa promovida pela nova empresa terceirizada de segurança que assumiu os terminais da Transpetro abrangidos pela base do Litoral Paulista. Além das queixas alarmantes, os trabalhadores da área de segurança, com décadas de experiência, alertaram que as sucessivas demissões que estão ocorrendo podem impactar diretamente na segurança dos terminais, tanto nas unidades do Litoral Norte quanto nas bases de Santos e Cubatão.

É de conhecimento geral que a rotatividade em plantas industriais propicia potencialmente a fragilidade do sistema de segurança da Transpetro e que podem impactar, a depender do sinistro e das ocorrências, na própria área de produção e atividades fins e meios. A subsidiária conta com diversas situações críticas de segurança, que só foram impedidas graças a experiência de vigilantes que já conhecem o modus operandi de quadrilhas, inclusive pontos de atenção, locais de sombra, locais de invasões, metodologia de ações e reações. Foram centenas de ações de segurança realizadas na entrada dos terminais que culminaram em uma economia à Transpetro de valores incalculáveis, pois quando uma ocorrência de sinistro ocorre, não se trata apenas de valores financeiros, mas sim, de vidas, valores morais e da imagem da empresa. São vários os casos onde a experiência demonstra que quando se troca um efetivo experiente de forma inconsequente e abrupta, ainda mais com tom de represaria, os prejuízos acabam sendo incontáveis, pois assim como em uma refinaria, terminais aquaviários e terrestres possuem peculiaridade que necessitam de expertise no segmento, como, por exemplo, qualificações, treinamentos e vivência em área industrial. 

Um bom exemplo disso, é que há alguns meses atrás, vigilantes da Transpetro conseguiram evitar um assalto que foi realizado no próprio terminal. O meliante já estava próximo da entrada que está localizado o escritório da gerência geral da unidade, mas graças a experiência e coragem de alguns trabalhadores, os membros da quadrilha pularam o muro.

A conduta foi irretocável, mas, para a atual gestão da Transpetro parece que não. Alguns desses profissionais, que inclusive evitaram que os criminosos tomassem de assalto o terminal com possibilidades reais de tomada de reféns na área da gerência, foram demitidos recentemente e um deles conta com quase uma década de bons serviços prestados. No terminal de Pilões vigilantes que literalmente "vestem a camisa da empresa", há quase 20 anos, assinaram na quarta-feira (30) os documentos de demissões e outros estão na mira dessa chefia da Suporte.

Além disso tudo, tem a questão da quantidade de treinamento que já foi investida nesses trabalhadores. O tempo que seria gasto para conseguir o mesmo nível de qualificação seria enorme já que existe um serviço diferenciado para trabalhar em plantas como as do Litoral Norte, Alemoa e Pilões.

É importante destacar que a motivação do desligamento desses trabalhadores é uma das piores possíveis, para não dizer uma das mais cruéis, ainda mais em um período de recessão que o país atravessa. As demissões estão sendo fundamentadas como se os vigilantes “não tivessem passado no período de experiência” dando a conotação de que não fazem ou não fizeram bons trabalhos nos terminais. Uma outra situação que indica que essa não é a realidade, aliás, é bem diferente do que a terceirizada vem alegando é que o preposto da nova empresa afirmou que todos seriam contratados sem posterior prejuízos.  Tal afirmação continuou a ser perpetuada mesmo quando alguns trabalhadores diziam preferir não ser absorvidos pela empresa caso houvesse a possibilidade de não serem efetivados para continuidade do serviço. Será que isso tudo não foi uma armadilha para os trabalhadores?

A “rádio peão” tem ventilado que a maioria dos nomes “marcados” são aqueles que no passado colocaram a empresa na justiça para obter direitos, estabelecidos na CLT, que foram negados, pois conforme denunciado anteriormente (clique aqui), tem profissionais que até hoje ainda estão com os seus recolhimentos de INSS em “aberto”.  A situação está tão séria que em apenas um grupo da noite no Terminal de Santos, ninguém vem passando ileso da sanha da chefia da empresa. As próprias lideranças estão sendo demitidas com seus vigilantes, somando absurdas perdas profissionais à Transpetro cujo valor é inestimável.  

Atualmente a contratada conta com quatro grupos de petroleiros terceirizados que atuam na área de segurança. A empresa, de forma imprudente, demitiu e já notificou que vai desligar metade das lideranças, sendo que algumas delas conta com cerca de 20 anos de atuação no Sistema Petrobrás.  

Nessa seara, é importante lembrar os gestores que o Sistema Petrobrás sempre primaram pelo inventário do conhecimento. Como é possível treinar pessoas a se tornarem ícones de excelência em atendimento e em segurança em área portuária por décadas, e da noite para o dia, uma empresa terceirizada a seu bel prazer vem e quebra abruptamente o elo de parceira firmado entre Transpetro e os trabalhadores?  E o conhecimento adquirido?  E as centenas de treinamentos?  Será que os prepostos da empresa que irão resolver os problemas de segurança nos terminais quando a situação apertar? 

Utilizando um tom de afronta, a contratada anda enviando a seguinte mensagem aos trabalhadores:  “ Se apresentar na base operacional para tratar de assunto do seu interesse”.   O vigilante ao entrar no local já é conduzido para assinar a demissão.   Então é interesse do vigilante ser demitido após ficar praticamente 02 meses sem salários, sem vale alimentação, sem verbas rescisórias e sem convênio médico?   É esse o nível de ironia que os trabalhadores estão sendo submetidos na Transpetro?

A realidade é que essa situação está insustentável. A atual gestão da Transpetro já deveria ter se posicionado e dado um basta nessas demissões totalmente descabidas. É preciso investigar de quem partiu essas ordens o mais rápido possível antes que a segurança dos terminais aquaviários e terrestres de Santos, Cubatão e Litoral Norte seja afetada graças a mais uma lambança promovida por uma empresa terceirizada que acabou de assinar contrato.  

É importante deixar claro que todo e qualquer problema que acontecer dentro de um dos terminais, tanto no aspecto da segurança patrimonial da força de trabalho quanto da planta e da comunidade no entorno, é de total responsabilidade dos gestores da Transpetro e de mais ninguém!