Petroleiros em greve contra tabela 3x2 adotam 6x4 e têm “rendição cortada” pela gerência da RPBC/UTE

Greve trabalhada


Os petroleiros dos grupos de turno da RPBC/UTE Euzébio Rocha iniciaram nesta segunda-feira (25) greve contra a implantação da tabela de turno 3x2.  A gerência da unidade quer impor aos trabalhadores uma escala de turno que estabelece apenas um final de semana de folga a cada dois (2) meses.

Dessa vez, ao invés de paralisar a produção, a greve começou de forma diferente, com todos os trabalhadores entrando na unidade no horário para fazer a escala 6x4.  

No entanto, o que se viu na entrada do grupo 1 nesta segunda foi diferente do que já houve nos movimentos dos petroleiros do Litoral Paulista, com a própria gerência da unidade cortando a rendição dos trabalhadores. Com a presença dos diretores do sindicato e do advogado da categoria, após passarem pela catraca e registrarem presença no ponto, os petroleiros se dirigiram para suas unidades, mas foram impedidos pela gerência de iniciarem seus trabalhos, tendo que deixar a refinaria e UTE.

À tarde, às 15h, os petroleiros do grupo 5 que assumiriam o turno tiveram seus crachás bloqueados na catraca, sendo impedidos de entrar na refinaria. Até o momento, a RPBC e UTE estão sob controle da contingência da empresa.

A decisão pela greve foi aprovada por ampla maioria dos petroleiros do turno. Com 271 votos a favor, 12 votos contrários e seis abstenções, a categoria aprovou a realização de GREVE em caso de implantação de turno 3X2 (saiba mais aqui).

A tabela 6x4, que seria adotada pelos grevistas, foi a indicada pelo ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Alexandre de Souza Agra Belmonte, para que fosse seguida na refinaria e UTE durante a pandemia e até que o TIR de 12 horas, escolhido pela categoria em assembleias no final do ano passado, fosse assinado com a empresa. Até o momento os atuais gestores da Petrobrás se recusam a assinar o TIR de 12 horas, pois querem que os trabalhadores desistam do passivo trabalhista gerado na escala anterior.

Seguindo todos os ritos burocráticos, os trabalhadores se organizaram, debateram e fizeram assembleias, que definiram turno de 12 horas na RPBC e UTE-EZR no final do ano passado, adotando inclusive os parâmetros de folga definidos pela empresa para não gerar passivos futuros. No final do pleito, já com tudo definido, quando a tabela foi apresentada, foi exigido que o sindicato assinasse um acordo reconhecendo a legalidade das tabelas praticadas até janeiro de 2020, o que provocaria a renúncia de passivo trabalhista. Mesmo ocorrendo várias reuniões do Sindipetro com a empresa para sanar este impasse, a Petrobrás se manteve intransigente em não abrir possibilidade de mudança da minuta do acordo com ameaça de implantar a tabela 3x2 caso a diretoria não assinasse.

Cumprindo o assédio que prometeu, a empresa agora quer aplicar a tabela 3x2. A chantagem da empresa tem o apoio das gerências das unidades, que veem na renúncia ao passivo uma chance de se livrarem da responsabilidade sobre ações trabalhistas que estão sendo vitoriosas a favor dos trabalhadores.

A greve é a única resposta possível para barrar e reverter todo e qualquer tipo de ataque cometido pelo alto escalão das unidades. Mesmo com o assédio pesado que está acontecendo na empresa, os petroleiros do turno do LP estão decididos a continuar a mobilização contra a implantação da tabela 3x2.

A continuidade do movimento depende agora da empresa, que precisa reavaliar seu posicionamento.

Seguimos na luta!