Com troca de tiros, Pilões é mais uma vez alvo de criminosos

Duas vezes no mesmo dia

Alvo constante de criminosos, os vigilantes do terminal Transpetro em Pilões foram mais uma vez vítimas de assaltantes, que criaram uma emboscada durante a madrugada desta terça-feira (31).

Os dois vigilantes patrulhavam a área, quando pararam para tirar um galho caído no chão e foram surpreendido por dois homens armados, que atirando gritavam “perdeu, perdeu”. Os vigilantes revidaram com tiros, fazendo com que os criminosos fugissem pelo mato. Por sorte, ninguém ficou ferido. As marcas do tiroteio ficaram na viatura da vigilância, que foi alvejada por pelo menos cinco disparos. O rádio comunicador de uns dos vigilantes também foi danificado por um tiro.

Após o ocorrido foi constatado que os marginais entraram em Pilões por um buraco cortado na cerca.

Não se sabe o que os criminosos buscavam, mas em outras ações queriam levar equipamentos da Transpetro, dentre outros itens de valor. Em outro assalto, há seis anos, bandidos roubaram caixa eletrônico que existia em Pilões. Depois disso o banco retirou o equipamento da unidade. Na época, os vigilantes que sofreram a ação dos bandidos foram demitidos logo depois do assalto.

Como se um assalto não fosse suficiente, hoje, poucas horas depois do tiroteio, por volta das 11h, funcionários da WN, sob ameaça de morte, tiveram que entregar para outros (ou os mesmos) bandidos, as máquinas que usavam para cortar o mato no fundo da área.

A fama de vulnerável do terminal está correndo solta entre a bandidagem, que descobriu a facilidade que é cometer crimes em Pilões. Protegidos pela falta de segurança, estradas esburacadas, iluminação precária e acobertados pelo mato alto, os assaltos são constantes e não tem hora para acontecer.

Em março passado, um petroleiro escapou da morte em Pilões, também vítima de tentativa de assalto.  Em julho de 2015, bandidos renderam um motorista em Pilões, o prenderam no banco de trás do veículo, mas durante o percurso avistaram um carro melhor e trocaram de vítima, que sofreu sequestro relâmpago. Em 2013, mais uma vez houve troca de tiros entre bandidos e vigilantes.

Efetivo reduzido sem estudo de risco
Mesmo com a evidente necessidade de fortalecer o quadro de vigilantes em Pilões, há 50 dias a Transpetro reduziu de cinco para quatro postos de segurança na unidade.

Para que isso fosse feito, a Transpetro deveria realizar um estudo de segurança bem elaborado, com analise de risco bem feita, que deve vislumbrar os perigos nas unidades, com o objetivo de determinar a probabilidade e o impacto da concretização desses riscos nos locais. Com esse estudo é possível identificar a vulnerabilidade das instalações e a partir dessa análise o gestor pode decidir se aceita, combate, transfere ou elimina o risco. O número de vigilantes deve ser determinado por esse estudo, e é justamente essa análise que os gestores da Transpetro estão colocando de lado e fazendo a redução do quadro do efetivo da segurança patrimonial.

Os gestores não estão preocupados com a segurança dos trabalhadores e nem das instalações da Transpetro, o principal objetivo é a redução de custos. Sem análise real do que estão colocando em risco, sejam vidas ou bens patrimoniais, gestores como esses, sem um mínimo de habilidades técnicas, a ponto de ignorarem a necessidade de estudos como esse, demonstram total falta de compromisso com a empresa, com a vida dos trabalhadores e mancham também a imagem da Transpetro.

No mesmo período, a estação de Guaratuba, em Bertioga, responsável pelo rebombeio do petróleo e abastecimento das três refinarias do estado de São Paulo (RPBC, Revap e Replan), deixou e ser coberta por dois vigilantes, e hoje apenas um cobre toda a área. Em locais distantes dos centros e sozinho, o vigilante vira alvo fácil dos bandidos, que podem querer sua arma e colete, como poderiam levar equipamentos, interrompendo o abastecimento de petróleo em todo o estado de São Paulo.

A segurança do trabalhador está sendo colocada em risco em troca de economia para a empresa. O Sindicato tem conversado com a gerência da Transpetro e registrado denúncias mediante ofícios. Também cobramos da prefeitura de Cubatão melhorias no local, como consertos em calçadas e de ruas esburacadas, cortando mato, melhorando iluminação, sinalização, dentre outros.

Os ataques aos trabalhadores reforçam a necessidade de melhorar a segurança nas unidades do Sistema Petrobrás, que a cada ano só piora.

Assistimos a precarização da segurança no Sistema Petrobrás matar em março de 2014 o segurança patrimonial Francisco Eduardo de Campos Filho, que trabalhava para a empresa EVIK, na RPBC. O vigilante foi morto durante assalto aos caixas eletrônicos da unidade, alvejado sem defesa por homens que já chegaram atirando. 

Enquanto os criminosos invadem as unidades com armamentos pesados e explosivos, os trabalhadores ficam expostos em guaritas inadequadas, protegidos apenas por coletes, vidros que só param a chuva e sozinhos, sem rendição nem mesmo durante as refeições, muitas vezes feitas no local de trabalho.

É inadmissível que uma empresa tão rica queira economizar arriscando a vida de seus empregados. Será que teremos que assistir mais mortes para que a segurança seja levada a sério? Será que nossas vidas são tão baratas a ponto de pagarem para ver o pior acontecer?

Talvez se a responsabilidade pelas mortes no Sistema Petrobrás recaíssem sobre os gerentes que as sacrificaram, mandando-os para a cadeia, o trabalhador fosse mais respeitado.