Trabalhador de navio sofre acidente no porto de São Sebastião e é deixado sozinho, em coma, em hospital

Um trabalhador, tripulante do navio NT Eagle Paraíba, sofreu um acidente na tarde de quinta-feira (20) enquanto realizava manobra de saída do Píer do Tebar, em São Sebastião.

De acordo com relatos, o tripulante sofreu impacto na cabeça e ficou desacordado. Após atendimento imediato, o tripulante foi encaminhado ao Hospital de São Sebastião e após confirmação de quadro delicado foi transferido para São José dos Campos. A remoção do trabalhador foi prejudicada pela forte chuva e também pela dificuldade de acesso pela escada do navio. 

Ao que tudo indica, de acordo com relatos, o acidente ocorreu durante o serviço de passagem de cabos entre navio e rebocadores, provavelmente atingido por algum desses cabos.

O Sindicato entrou em contato com a gerência do terminal que confirmou o ocorrido e acrescentou, infelizmente, que o trabalhador se encontrava em coma induzido e seria transferido para o Município de São José dos Campos. A família e as autoridades foram contactadas e os procedimentos serão acompanhados pelo Terminal na parte que lhe couber. O acidente aconteceu por volta das 16h. A insensibilidade da gestão voltada ao lucro foi mais uma vez revelada com o abandono do trabalhador, desacordado, distante de sua residência e de seus familiares.

O NT Eagle Paraíba desatracou do porto de São Sebastião por volta das 23h, deixando o trabalhador sozinho no hospital, sem a companhia de quaisquer de seus imediatos, que apenas deixaram a mochila do tripulante com seus documentos pessoais. A frieza dos gestores lembra, em menor escala, mas não menos revoltante, o episódio da morte de um trabalhador na rede Carrefour, que após passar mal e morrer durante seu trabalho em uma unidade em Recife, teve seu corpo coberto por guarda-sóis e tapumes, enquanto a loja mantinha as atividades, até que o corpo fosse retirado, após quatro horas, pelo IML.  

Com redução de operadores no píer acidentes tem se tornado recorrentes
Nos últimos cinco anos a Transpetro tem realizado alterações nas operações que acenderam a luz vermelha, diante dos recorrentes acidentes no porto. A afirmação do sindicato tem por base que a redução do quadro de operadores dentre outras alterações ocorrem sem a implementação de novas tecnologias ou realização de estudos que garantam a segurança da planta, do Meio Ambiente e das pessoas.

Dentre as mudanças mencionadas, destacamos a destituição de operadores na função de supervisor para colocar engenheiros, redução de quadro de operadores, principalmente no píer ao mesmo tempo em que aumentou os trabalhos, com realização de tarefas simultâneas, de operações STS (Ship-to-ship) sem a participação dos operadores, mudanças constantes nos procedimentos de emissão de Permissão de Trabalho (PT), dentre outras, frequentemente denunciadas pelo sindicato.

Não é a primeira vez que ocorre acidente no Píer do Tebar. Em abril do ano passado, um trabalhador morreu após passar mal durante manobra ship to ship. Em 2018, outro trabalhador passou mal e caiu ao tropeçar, quebrando duas costelas.

Com operação anual de cerca de 600 navios e 1200 metros de ponte que escoam mais de 20 mil m³ de tubulações de petróleo e derivados, o ‘mal súbito’ e a ‘falta de percepção de risco’ tornaram-se clichês como causas de acidente. Por todas as evidências, o sindicato credita esses acidentes aos gestores do Sistema Petrobrás, que visando apenas reduzir custos operacionais, em detrimento da segurança, tem causado maiores números de incidentes.

Basta!

O Sindipetro-LP estima melhoras ao trabalhador e força à família.