Trabalhador que sofreu acidente no píer do Tebar morre após ficar 27 dias em coma

Luto

Após 27 dias em coma, internado no Hospital Regional de São José dos Campos, o tripulante do navio NT Eagle Paraíba, que havia sofrido um acidente no dia 20 de agosto, enquanto realizava manobra de saída do Píer do Tebar, em São Sebastião, infelizmente faleceu na manhã desta quarta-feira (16).

A família, que reside no nordeste, chegou a visitá-lo em São José dos Campos, e à época, ainda foi surpreendida com o sumiço dos documentos pessoais do Sr. Sebastião, nome do trabalhador, fato que gerou ainda mais transtornos.

A Subsecretaria da Inspeção do Trabalho (SIT), Gerência Regional do Trabalho de Santos, está participando das investigações das causas do acidente e esteve a bordo do NR Eagle Paraíba, que estava atracado no Píer 3 do Tebar, na última quinta-feira (10), colhendo informações para a auditoria fiscal de análise de acidente de trabalho.

Com a morte do Sr. Sebastião se torna ainda mais importante à apuração das causas do acidente, que ocorreu durante passagem de cabo entre navio e rebocadores, porém não foi o primeiro a ocorrer nas mesmas circunstâncias. Em abril do ano passado, um trabalhador morreu após passar mal durante manobra STS (ship to ship). Em 2018, outro trabalhador passou mal e caiu ao tropeçar, quebrando duas costelas.

A gestão da Petrobrás costuma se esquivar de suas responsabilidades sobre mortes e outros acidentes em suas unidades, pondo a culpa dos sinistros em algum ‘mal súbito’ ou, como é de costume também, culpando o próprio trabalhador por sua ‘falta de percepção de risco’.

Para o sindicato, os recorrentes acidentes que acontecem no píer do Tebar estão diretamente ligados à gestão de redução de custos para maximizar lucros, gestão essa que altera constantemente formas de tarefas, horários de trabalho, tabelas de turno e folgas, reduz o número de trabalhadores dos quadros de operação e manutenção, transfere tarefas específica de operadores para outros cargos e funções. Tudo isso ao mesmo tempo em que aumenta a quantidade de trabalhos, com realização de tarefas simultâneas, operações STS sem a participação dos operadores, passando tal responsabilidade aos Giaonts, além de mudanças constantes nos procedimentos de emissão de Permissão de Trabalho (PT), dentre outros, frequentemente denunciados pelo sindicato. Vale lembrar que todas essas mudanças estão sendo feitas pela empresa sem realização de estudos prévios e sem implantação de novas tecnologias.

Está na hora de alguns gestores serem responsabilizados, pois talvez, somente assim, o lucro não será mais importante do que preservar as vidas dos pais e mães de família que estão, literalmente, dando a vida pela empresa.

Aos familiares e amigos de Sebastião, nossos sinceros sentimentos.

Sebastião, presente!